A obesidade é uma doença crônica ocasionada por múltiplos fatores: genéticos, ambientais, socioculturais, emocionais, endócrinos e neurológicos, e até por alterações no microbioma intestinal. Embora muitos genes estejam envolvidos, a redução da atividade física, o excesso de calorias e o ambiente são os principais fatores de modulação desses genes. A Organização Mundial de Saúde (OMS) descreve a obesidade como uma epidemia global, pois praticamente triplicou de 1975 até os dias atuais. Em 2016, mais de 1,9 bilhões da população mundial adulta apresentavam sobrepeso e mais de 650 milhões eram obesos.
A obesidade favorece o desenvolvimento de um conjunto de anormalidades metabólicas que causam o aumento da pressão arterial, o aumento dos níveis de glicose no sangue, o excesso de gordura ao redor da cintura e o aumento do colesterol. Esse conjunto, chamado de Síndrome Metabólica, aumenta o risco de problemas graves de saúde, incluindo as doenças cardiovasculares, o diabetes tipo 2, a osteoartrite e alguns tipos de câncer, como de endométrio, mama, ovário, próstata, fígado, vesícula biliar, rins e cólon.
Diferentes abordagens são utilizadas no tratamento da obesidade. Mudanças no estilo de vida por meio de reeducação alimentar e aumento de exercícios físicos, é o principal pilar para que ocorra perda de peso gradual e sustentada ao longo do tempo. Uma alimentação saudável e a prática de exercícios físicos são benéficos tanto para a prevenção quanto para o tratamento da obesidade. Entretanto, as mudanças de estilo de vida nem sempre são fáceis, pois requerem disciplina e persistência. Outras abordagens como o uso de medicamentos sob prescrição médica e a cirurgia bariátrica visam facilitar tais mudanças, contudo apresentam uma série de contraindicações e efeitos adversos. Ademais, grande parte dos pacientes obesos sofre de ansiedade, o que leva a comportamentos alimentares inadequados, dificultando a adesão ao tratamento. É normal que nosso estado emocional influencie nossa vontade de comer: uns comem menos, outros sentem uma vontade exagerada de comer. O desequilíbrio ocorre quando a comida é usada para aliviar sentimentos desconfortáveis e lidar com os problemas, o que é chamado de comer emocional. Nesse caso, o paciente precisa aprender a reconhecer a fome e utilizar de outras estratégias para lidar com os sentimentos. Percebe-se, portanto, que a origem e o tratamento da obesidade são bastante complexos, e que estigmas e preconceitos que associam a obesidade à falta de força de vontade são infundados.